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Israelenses assassinados em 1972, em Munique, recebem homenagem

Ankie Spitzer tinha 26 anos e uma filha de dois meses quando o marido, o técnico de esgrima israelense Andre Spitzer, foi assassinado na vila olímpica durante a Olimpíada de Munique, em 1972.

Spitzer e mais dez membros da delegação israelense foram mortos no massacre de Munique, vítimas de um atentado terrorista do grupo palestino Setembro Negro.

"Quando cheguei ao quarto de Andre, duas horas depois da morte dele, sangue escorria pelas escadas. Era uma cena de horror. Eu nunca vou deixar as pessoas se esquecerem do que aconteceu", disse Ankie à Folha.

Ankie e outros familiares dos atletas assassinados lutam há 44 anos para que o COI (Comitê Olímpico Internacional) inclua na cerimônia de abertura dos Jogos "um minuto de silêncio" em homenagem às vítimas do massacre.

Popperfoto
Israelenses choram diante de caixão de um dos mortos em sequestro na Olimpíada de Munique, em 1972
Israelenses choram diante de caixão de um dos mortos em sequestro na Olimpíada de Munique, em 1972

Mas os países árabes sempre ameaçam boicotar os Jogos se a homenagem for incluída na cerimônia.

Na semana passada, pela primeira vez, os atletas assassinados receberam uma homenagem oficial do COI: foi inaugurado o "local de luto" dentro da Vila Olímpica, evento que irá se repetir em todos os Jogos daqui para a frente.

E, neste domingo (14), um evento no Palácio da Cidade vai homenagear as vítimas do atentado, com participação de dez familiares. O ministro das Relações Exteriores, José Serra, vai representar o presidente interino, Michel Temer. O presidente do COI, Thomas Bach, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), e o governador interino do Estado, Francisco Dornelles (PP), estarão presentes.

"Ainda não conseguimos o minuto de silêncio, mas estamos muito felizes com as duas homenagens", disse Ankie.

"Bach foi o único que teve coragem de fazer uma homenagem em solo olímpico, muitos outros presidentes do COI diziam "nossas mãos estão atadas, os países árabes vão boicotar os Jogos", contou a viúva. "Eu dizia, vocês não estão de mãos atadas, meu marido estava de mãos atadas."

TORTURA

Às 4h30 de 5 de setembro de 1972, oito integrantes do grupo terrorista palestino Setembro Negro invadiram os alojamentos da delegação israelense na Vila Olímpica, em Munique. Eles executaram dois atletas e fizeram nove reféns.

Posteriormente, mataram os reféns. Muitos foram torturados antes de morrer —o halterofilista Yossef Romano foi castrado pelos terroristas.

O grupo exigia a libertação de 234 prisioneiros árabes presos em Israel.

Onze israelenses, um policial alemão e cinco dos terroristas acabaram mortos.

"Não vamos desistir enquanto não houver a homenagem na cerimônia de abertura dos Jogos, é o local adequado, já que eles eram parte da família olímpica", afirmou Ankie.

"Isso é discriminação. Se fosse o Dream Team [time norte-americano masculino de basquete], obviamente eles seriam homenageados."

Reuters
Imagem de atletas e treinadores israelenses mortos após sequestro em Munique-1972
Imagem de atletas e treinadores israelenses mortos após sequestro em Munique-1972

De acordo com Ankie, seu marido era um homem gentil e adorava fazer amigos. Ela se lembrou da ocasião em que os dois estavam na Vila Olímpica na Alemanha e Andre afirmou: "Vou ali falar com aquele esgrimista libanês".

"Eu disse a ele: 'Você está louco? Ele é libanês, estamos em guerra'. E Andre me disse: 'É para isso que servem os Jogos, para unir as pessoas'."

Segundo ela, Andre foi andando e perguntou ao libanês como tinham sido os resultados. O atleta reagiu de forma simpática e Andre voltou com um sorriso enorme no rosto. "Você vê, Ankie, isso é o espírito olímpico."

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